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terça-feira, 28 de junho de 2011

Opostos de comprometimento olímpico

Os dois têm 28 anos. Ela acumula duas participações olímpicas no currículo, ele esquivou-se de tentar ir para os Jogos uma vez. No domingo, 26 de junho, ela voltou a ser medalhista em uma competição internacional. Na sexta-feira, dia 24, ele, de novo, recusou o chamado para classificar o Brasil à olimpíada.

Ela é Daiane dos Santos, que no Meeting Internacional de Ginástica Artística, em Natal, foi ouro por equipes com a seleção feminina, bronze na prova individual do salto e medalhista de ouro no solo. Ele é Nenê Hilário, jogador de basquete do Denver Nuggets, que mais uma vez pediu dispensa da seleção brasileira masculina, que em agosto disputa o Pré-Olímpico das Américas, em Mar Del Plata, na Argentina.

Sinceramente, é difícil entender esses opostos de comprometimento olímpico. Antes de entrar no ginásio lotado por seis mil pessoas no último fim de semana em Natal, a última vez que a ginasta gaúcha vestiu as cores brasileiras em uma competição oficial foi em Pequim 2008, quando teve um discreto desempenho olímpico, que em nada lembrou o bom quinto lugar conquistado em Atenas 2004.

Nesse intervalo de tempo, Daiane sofreu com contusões no joelho, cirurgias, e no começo de 2010 foi suspensa por cinco meses de competições oficiais, após ser flagrada em um exame antidoping feito em julho de 2009, que apontou o uso de furosemida, um diurético proibido pela Agência Mundial Antidoping (Wada).

E mais: 28 anos de idade para uma ginasta não é a mesma coisa que para um jogador de basquete. No crepúsculo da carreira, Daiane dos Santos mostra vontade de correr atrás de uma inédita medalha olímpica em Londres 2012, e olha que ela só voltou a competir no começo de junho, por seu clube Pinheiros, após três anos de afastamento.

E Nenê Hilário? O que levaria uma referência atual do basquete brasileiro, com 28 anos, no auge da experiência e condicionamento físico, a dizer não, pela segunda vez consecutiva, a um chamado para classificar a seleção masculina de basquete a olimpíada, megaevento esportivo que “os meninos do basquete” não disputam desde Atlanta 1996?

Oficialmente, o pivô do Denver Nuggets alegou motivos pessoais e contratuais para não jogar o pré-olímpico. O pessoal é a iminente paternidade, já que sua esposa está grávida, e a criança deve nascer em julho. A razão contratual é a negociação para estender seu acordo com o Denver, que é válido até o fim da próxima temporada. Além disso, os patrões da NBA parecem que estão prestes a entrar de greve, com vistas a negociar um novo contrato de trabalho, obrigando as confederações a pagar um seguro para contar com os atletas nas equipes nacionais.

A opção de Nenê em não jogar o torneio por causa da paternidade é aceitável, mas no caso da renovação do contrato é que está o ponto polêmico. Consagrar-se na NBA é mais importante que tornar-se referência para a seleção brasileira de basquete? Em outras palavras, o basquete olímpico é menos importante que o profissional? Para ser mais claro, interessa para o basquete ser destaque na olimpíada? Não seria a hora, então, de colocar as seleções de base como se faz com o futebol?

Nenê acertou ao pedir dispensa da seleção brasileira em 2005, quando marcou uma posição política contra os dirigentes da Confederação Brasileira de Basquete, à época. Depois, vítima de problemas físicos, pediu dispensa do pré-olímpico mundial em 2007, fez o certo, não tinha opções. Mas agora, no auge da carreira, após superar uma batalha contra o câncer, entendo que o pivô brasileiro arremessou no aro a grande chance de tornar-se ícone de uma geração. Não sei se Magnano lhe dará outra oportunidade, ainda mais se conseguir montar uma seleção forte sem a presença dele.

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