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quarta-feira, 5 de maio de 2010

O que ganha o Brasil com a Olimpíada de 2016?

Evento deve custar oito vezes mais que o Pan, mas trará benefícios sociais?

A escolha do Rio de Janeiro como cidade-sede da Olimpíada de 2016 veio acompanhada da expectativa por maiores investimentos na infraestrutura esportiva do país e de melhorias em transporte, segurança pública e meio ambiente na capital fluminense. Segundo o Cojo, Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016, o custo total do evento será R$ 26 bilhões, orçamento quase oito vezes superior aos R$ 3,5 bilhões gastos com a realização do Pan 2007.

As experiências anteriores de mau uso do dinheiro público já geram desconfianças quanto ao destino dos recursos para a Olimpíada de 2016. “O Comitê Organizador dos Jogos só vai trabalhar direito se for por pressão e imposição do COI, que aplicará pesadas punições, caso os prazos não sejam cumpridos. O Pan 2007 foi um escândalo previsto, pois todos nós sabíamos e alertávamos para o que os organizadores estavam fazendo. Ou pior: deixando de fazer”, comenta Carlos Fernando Schinner, locutor esportivo da Band e do Bandsports e que já transmitiu duas edições dos Jogos Panamericanos e duas Olimpíadas.

A prestação de contas do Pan 2007 ainda não foi aprovada pelo TCU, Tribunal de Contas da União e há suspeitas de superfaturamento das obras. O orçamento inicial do evento panamericano era de R$ 523,84 milhões, mas os custos finais superaram R$ 5 bilhões, sendo que ao menos R$ 3 bilhões provieram de dinheiro público. Só na Construção da Vila Pan-Americana suspeita-se que de 22 itens tomados para análise, 17 foram superfaturados, 80% do valor contratual da obra.


Fase final das obras da Vila Panamericana em 2007 (foto: jornal Diário do Rio)

Investimentos e legados


Após a escolha do Rio de Janeiro como a sede da 31ª edição das Olimpíadas, em outubro de 2009, o presidente Lula sentenciou: “Temos de dar a Olimpíada à juventude brasileira que por tanto tempo foi esquecida. Queremos deixá-los um futuro extraordinário, muito melhor do que recebemos dos nossos pais”.

Para transformar o discurso em realidade, o governo federal vai priorizar, ainda este ano, os projetos “Cidade Olímpica” e “Atleta Ouro”. O primeiro será realizado, inicialmente, em parceria com 100 municípios que receberão R$ 300 mil, cada, para viabilizar a formação de atletas em centros de excelência de modalidades específicas. A segunda proposta é voltada para a capacitação de atletas de alto rendimento que ainda não recebem o auxílio bolsa-atleta. A perspectiva é que 80 esportistas sejam beneficiados e cada um deles receba cerca de R$ 375 mil por ano. Somados, os investimentos federais nos dois programas será de R$ 60 milhões.

Na cidade do Rio de Janeiro, a prefeitura carioca deve gastar mais US$ 11 bilhões em melhorias na rede hoteleira, sistemas de transportes, vias urbanas, serviços de saúde e segurança pública. Outra promessa, feita também para o Pan 2007 e não cumprida, são as ações de despoluição na Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Baía de Guanabara.

“Acredito que os investimentos só trarão melhorias mesmo para o setor de turismo. Claro que veremos o surgimento de novos atletas, em geral garotos pobres e abnegados que querem vencer na vida. Mas o evento serve para a cidade do Rio de Janeiro, e não para o país. Além disso, os investimentos só valeriam se houvesse controle dos gastos por orgãos sérios do Ministério Publico ou Tribunal de Contas, mas dificilmente existirá”, crítica Cacá Fernando.

Os organizadores dos Jogos garantem que farão um rígido controle dos gastos. Em outubro de 2009, a prefeitura do Rio de Janeiro lançou o site Transparência Olímpica, no qual já é possível acompanhar o andamento dos projetos (nome, descrição, valor, prazos e status), decretos referentes às obras e convênios firmados, além do histórico da proposta vitoriosa Rio 2016.

As reformas e construções de arenas esportivas estão orçadas em R$ 1,5 bilhão e são anunciadas como o grande legado esportivo da Olimpíada, em especial o COT, Centro Olímpico de Treinamento, que abrigará 22 modalidades durante os Jogos e posteriormente servirá como um espaço para a revelação e capacitação de atletas.

O COT foi um dos trunfos da vitória da candidatura Rio 2016. Em conversas informais, os representantes brasileiros garantiram, em especial, aos delegados dos países sul-americanos e africanos que após a Olimpíada os esportistas dessas nações terão livre acesso ao COT para intercâmbio técnico. Antes, porém, será necessário que o COT não fique subutilizado para as práticas esportivas, como acontece atualmente com a Arena Multiuso, que recebe mais shows musicais do que jogos de basquete.


Projeto gráfico do COT (fonte: COB)

Quem paga a conta? E quem fica com os lucros?

Para iniciar os trabalhos de organização dos Jogos Rio 2016, fui criado um fundo de R$ 1,2 bilhão, com recursos federais, do estado do Rio de Janeiro e da prefeitura carioca. A partir de 2011, o Cojo passará a receber do COI um valor próximo a U$S 871 milhões, o equivalente a 31% dos gastos do Cojo para a realização dos Jogos.

O restante será pago com dinheiro público, 24%, e verbas da iniciativa privada, 45%. Se o acordo do COI com a organização da Olimpíada Rio 2016 seguir os mesmos moldes dos firmados com outras cidades que já sediaram o evento, 60% dos lucros com a Olimpíada deverão ser aplicados em benefício do esporte brasileiro, 20% será repassado ao Comitê Olímpico Brasileiro, e os 20% restantes ficam em posse do COI.

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