A cada semana, você confere destaques do esporte que foram ao ar no programa Galera do Esporte, apresentado por Daniel Gomes todo o domingo das 19h às 21h na rádio comunitária Cantareira FM 87,5 e também em www.radiocantareira.org Informações esportivas podem ser enviadas para galeradoesporte@hotmail.com







quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Longo e dispendioso caminho ao Top 10 olímpico

O Brasil despediu-se dos jogos olímpicos de Londres 2012 com a melhor campanha de sua história, em quantidade de conquistas: foram 17 medalhas, sendo três ouros, cinco pratas e nove bronzes, duas conquistas a mais que as melhores campanhas até então: Atlanta 1996 e Pequim 2008, quando o país subiu 15 vezes ao pódio. No entanto, se consideradas apenas as conquistas de ouro, o Brasil nunca foi tão bem como em Atenas 2004, quando obteve cinco ouros.

As 17 medalhas do país em Londres superaram a expectativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que projetava 16 conquistas, mas ficaram aquém do que esperava o Ministério do Esporte, em especial o ministro Aldo Rebelo, que antes dos jogos aguardava 20 pódios do chamado Time Brasil, o agrupado de representantes brasileiros – 259 inscritos, dos quais 257 competiram.

“A nossa análise decorria da ideia de que o nosso desempenho em Londres teria a interferência dos recursos que foram aplicados de Pequim para Londres e teriam resultado, mas a nossa tarefa é olhar para o futuro. Vamos analisar as nossas deficiências, não só as do governo, mas a dos demais agentes que participam do esforço, e olhar com uma perspectiva otimista para o futuro e olhar para o Rio como um desafio a ser abraçado", comentou Aldo Rebelo, ainda em Londres.

Já Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, manifestou opinião diferente. “O COB veio para Londres com uma expectativa realista, que era conquistar um número de medalhas próximo ao que foi obtido em Pequim. O resultado final foi dentro do esperado e está de acordo com o planejamento do COB para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Temos o desafio de colocar o Brasil entre os Top Ten e já estamos trabalhando para isso”, afirmou. 

O caminho para chegar aos 10 mais das olimpíadas

Figurar entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas em 2016 não será tarefa fácil para o Time Brasil. Basicamente há duas alternativas, que se mescladas podem dar certo: deixar de perder finais e aumentar investimentos para ampliar a quantidade de medalhas conquistadas.

Em Londres 2012, entre os dez primeiros colocados, a Hungria, que terminou em nono lugar, conseguiu o mesmo número de medalhas do Brasil, 17, com a diferença de que deste total oito foram de ouro, já o Brasil teve três medalhas douradas (Sarah Menezes, judô; Arthur Zanetti, ginástica artística; e seleção feminina de vôlei). Hipoteticamente, se as cinco medalhas de prata do país virassem ouro, o Time Brasil chegaria entre os 10 primeiros no quadro.

Mas essa mudança seria improvável. Das cinco pratas, as dos homens no vôlei, futebol e vôlei de praia (Alison e Emanuel) foram inesperadas negativamente, pois o Brasil era favorito nas finais. Se todas fossem conquistadas ou duas dessas três, o Brasil terminaria os jogos no 15° lugar. Se além dessas, Esquiva Falcão não tivesse perdido a final do boxe por apenas um ponto, o Brasil chegaria, hipoteticamente, a sete ouros, ocupando o 12° lugar no quadro de medalhas. Restaria a alternativa do improvável: que Tiago Pereira, na natação, fosse ouro nos 400 metros medley, onde a própria conquista da prata foi uma surpresa positiva; ou que César Cielo confirmasse o favoritismo e ficasse com o ouro ao invés do bronze nos 50 metros livre.

Aumentar a quantidade e a diversidade de medalhas

Como diriam os mais tradicionalistas, o “se não entra em campo”, então o caminho mais realista é o país trabalhar para ampliar a quantidade de medalhas conquistadas e, se possível, a diversidade também, pois das 28 modalidades que o Brasil participou em Londres, apenas em oito trouxe medalhas: judô, vôlei (indoor e praia), natação, vela, boxe, futebol, pentatlo moderno e ginástica artística.

De acordo com o COB, a meta para 2016 é justamente aumentar o número de medalhas nas modalidades em que o Brasil já tem tradição, conquistar medalhas em modalidades em que ainda não subiu ao pódio e dar mais atenção às modalidades individuais, que distribuem mais medalhas. Essa última estratégia foi adotada em Londres 2012, e deu certo, por quatro países de modo especial: Hungria (9°), que apostou nas provas de canoagem, Cazaquistão (12°), Irã (17°) e Coréia do Norte (20°), que se especializaram em ouros no levantamento de peso.

“Vamos investir mais nos esportes individuais, porém acreditamos que as conquistas de um país devem acontecer em um número diversificado de modalidades. Além de termos tradição nos esportes coletivos, que continuarão a ter peso importante no nosso planejamento, precisamos ampliar o leque de possibilidades e conquistas. Nossos carros-chefes em 2016 serão o judô e o vôlei, porém é importante desenvolvermos o esporte com um todo, e não apenas uma ou duas modalidades”, comentou, ainda em Londres, Marcus Vinícius Freire, superintendente executivo de esportes do COB.

Apesar de o comitê comemorar as 17 medalhas em Londres, houve clara preocupação com a redução da participação do país em finais em olímpicas: em Pequim, o Brasil esteve em 41 decisões, em Londres, em 36. A relação é óbvia para a maioria das modalidades: só pode ser medalhista quem é finalista.

Também houve desagrados com o desempenho da natação (voltou sem ouro) e do taekwondo (só levou dois atletas e alcançou uma semifinal com Diogo Silva) e com as decepcionantes representações do atletismo (pela primeira vez, desde Barcelona 1992 ficou sem medalha), basquete feminino (não passou da primeira fase), futebol feminino (pela primeira vez não chegou às semifinais) e ginástica artística feminina (pela primeira vez, desde Sydney 2000, fora das finais).

“Vamos nos reunir com as Confederações e analisar a situação desses esportes. Precisamos avançar em modalidades que distribuem muitas medalhas, como natação e atletismo, e recuperar o nível de algumas coletivas, como basquete e futebol feminino. O desafio para 2016 não será somente do COB, mas de todas as confederações”, avaliou Marcus Vinícius.

Ampliação de investimentos

Entre o ciclo olímpico de Pequim 2008 e o de Londres 2012, o COB investiu no desporto de alto rendimento R$ 101 milhões a mais de verbas obtidas com base na Lei Agnelo Piva (que repassa ao COB e à Confederação Paralímpica Brasileira 2% da arrecadação bruta das loterias federais). O Time Brasil recebeu, só aplicar no desporto de alto rendimento, R$ 230 milhões para Pequim 2008 e R$ 331 milhões para Londres 2012, crescimento de 44%, que resultou apenas em duas medalhas a mais e uma posição acima da obtida anteriormente. O Brasil saltou de 23° para 22° no quadro de medalhas.

Em valores absolutos, e só considerando o repasse de recursos pela lei Agnelo Piva, cada uma das 15 medalhas brasileiras em Pequim 2008 teve um custo de R$ 15,33 milhões. Em Londres 2012, essa relação custo/medalha foi de R$ 19,47 milhões, dividindo-se o total repassado pelas 17 medalhas obtidas.

Se hipoteticamente o planejamento para Londres 2012 fosse feito a partir do custo de cada medalha em Pequim 2008, o montante de R$ 331 milhões repassado neste ciclo olímpico deveria resultar em 21 ou 22 medalhas na capital britânica, ou seja, de seis a sete a mais do que as 15 conquistadas na cidade asiática.

Ainda no plano de hipóteses, agora com projeções de investimentos para o Rio 2016: se o Brasil tomar como espelho a Itália, que teve 28 conquistas em Londres, sendo o segundo país com menor número de medalhas entre os 10 primeiros colocados no ranking olímpico (o menor entre os top 10, como já citado, foi a Hungria com 17 medalhas) seria preciso que nossos atletas conquistassem 11 medalhas a mais do que em Londres.

Tendo por base a relação custo/medalha do país nos jogos na capital brtiânica (R$ 19,47 milhões), o Brasil precisaria acrescer R$ 214,2 milhões aos R$ 331 milhões que investiu em Londres com recursos da lei Agnelo Piva, na prática, o montante total superaria os R$ 545 milhões de repasse durante o ciclo olímpico Rio 2016.

De acordo com o Ministério do Esporte, o governo vai anunciar nas próximas semanas um plano de investimento no esporte olímpico, que deverá ampliar o volume de recursos que foram disponibilizados na preparação para Londres 2012. O objetivo é aumentar o número de medalhas e fazer o país chegar ao Top 10 olímpico em 2016. O tempo é curto e o caminho é longo e dispendioso...

Nenhum comentário:

Postar um comentário