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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Brasileiros brilham no mundial de para-atletismo

A delegação brasileira volta do Mundial de Para-atletismo disputado em Christchurch na Nova Zelândia com 30 medalhas na bagagem, 17 dos 25 esportistas no pódio e com o inédito terceiro lugar da competição, atrás apenas da China e da Rússia e a frente da Grã-Bretanha – os dois países obtiveram o mesmo número de medalhas de ouro (12), mas o Brasil foi superior em pratas (10) e também conquistou oito bronzes.

Na competição realizada entre 21 e 30 de janeiro competiram mais de mil paraesportistas de 75 países e houve a quebra de 50 recordes mundiais ao longo das 211 provas disputadas.

O grande destaque brasileiro foi Terezinha Guilhermina, que correndo na funcionalidade T11, para atletas cegos, faturou quatro medalhas de ouro nos 400, 200 e 100 metros rasos e no revezamento T11-13, dos quatro por 100 metros.

Nos 100 e 200 metros, ela ainda estabeleceu o novo recorde mundial. Nas duas provas, outra brasileira, Jerusa Santos faturou as medalhas de prata. No T11 400 metros, o bronze foi para Ádria Santos, atleta que tem no currículo 13 medalhas paraolímpicas.

O tricampeão paraolímpico Lucas Prado também saiu com o peito forrado de ouro da Nova Zelândia. Ele venceu as disputas do T11, nas provas de 100, 200 e 400 metros rasos. Outro brasileiro que subiu ao pódio nessas provas foi Daniel Mendes, bronze no T11 100 metros e prata nos 200 e 400 metros.

Nas provas de média distância do T11, o Brasil brilhou com Odair dos Santos que venceu nos dez, cinco e 1.500 metros rasos, sendo que nesta última estabeleceu o novo recorde mundial de quatro minutos e quatro segundos.

Quem também fez bonito no mundial foi Yohansson do Nascimento, que competindo entre esportistas amputados foi prata no T45 200 metros e ouro no T46 100 metros. Ele é novo recordista mundial das duas categorias.

Dona da melhor marca mundial do lançamento de dardo na funcionalidade F37, para atletas com paralisia cerebral sem problemas de mobilidade, Shirlene Coelho foi medalhista de ouro na prova e conquistou também um bronze no arremesso de peso. No salto em distância para amputados sem restrição de mobilidade, André Oliveira conquistou a medalha de prata.

Jonathan Santos alcançou o segundo lugar no lançamento de disco entre competidores anões da categoria F40. Mesma posição de Carlos Bartô nos 800 metros rasos da categoria T11, para atletas cegos.

Na categoria T38, para deficientes mentais sem restrição de mobilidade, Edson Pinheiro conquistou o bronze nos 100 metros rasos. No mesmo grupo funcional, Paulo Douglas Souza foi prata no lançamento de dardo da categoria F36.

Também com bronze no peito ficou João Santos, medalhista brasileiro no lançamento de disco na funcionalidade F46, para atletas amputados sem prejuízo de mobilidade nas pernas. Dentro deste mesmo grupo funcional, André Fonteles faturou a medalha de bronze no T44 100 metros rasos.

Nos revezamentos, o Brasil conquistou medalha de ouro nos quatro por 100 metros feminino entre atletas cegas, e bronze nos quatro por 100 masculino entre esportistas amputados com mobilidade normal das pernas.
Na última prova do mundial de para-atletismo, Tito Senna faturou a prata e Ozivam Bonfim o bronze nas disputas da maratona T46, que reuniu atletas amputados.

As 30 medalhas conquistadas em Christchurch firmaram o melhor desempenho do para-atletismo brasileiro em competições internacionais recentes, já que na paraolimpíada de Pequim 2008, os esportistas faturaram 15 medalhas, sendo quatro de ouro, e no Mundial de Assen, em 2006, foram 25 conquistas.

Saiba mais sobre o paradesporto e o para-atletismo

A prática oficial de modalidades esportivas por pessoas portadoras de deficiência física tem origem na cidade inglesa de Stoke Mandeville, em fins dos anos 1940. A pedido do governo britânico, o médico neurologista Ludwig Guttmann criou um centro nacional de lesionados medulares, destinado a tratar os combatentes ingleses feridos durante a Segunda Guerra Mundial.

No ano de 1948, Guttmann organizou a primeira competição oficial entre deficientes físicos, os Jogos de Stoke Mandeville, que entre outras práticas esportivas contava com o atletismo. Antes, na Inglaterra e também nos Estados Unidos e Alemanha já havia atividades esportivas para os deficientes físicos, mas não de caráter oficial.

As disputas em Stoke Mandeville contaram com a participação de 16 atletas veteranos de guerra e se deram no mesmo período da realização dos Jogos Olímpicos em Londres 48. Na segunda edição, quatro anos mais tarde, competidores holandeses se juntaram aos ingleses nos Jogos Internacionais de Stoke Mandeville de 1952.

O sucesso do evento levou ao crescimento do paradesporto mundial e culminou na realização da primeira paraolimpíada em Roma em 1960, nas mesmas instalações da olimpíada. A então chamada Olimpíada dos Portadores de Deficiência reuniu 400 esportistas de 23 países, e esses atletas chegaram até a serem recebidos para uma audiência de fé com o papa João 23.

Em 1976, mais esportistas deficientes físicos aderiram à competição, realizada em Toronto, no Canadá, e neste mesmo ano aconteceram as primeiras paraolimpíadas de inverno na Suécia.

Um ano antes, em 1975, o paradesporto começava a ser regulamentado no Brasil, com a criação da Associação Nacional de Desporto de Deficiente, pelo professor Aldo Miccolis. Ao longo das décadas, as modalidades passaram a ser categorizadas no país, em associações de desportos para amputados, cegos, deficientes mentais e surdos.

A criação do Comitê Paraolímpico Internacional em 1989 impulsionou a fundação de confederações nacionais e assim em 9 de fevereiro de 1995 surge o Comitê Paraolímpico Brasileiro, CPB. Já naquele ano, o CBP organiza os primeiros Jogos Brasileiros Paradesportivos, em Goiânia, que se repetiria no ano seguinte em preparação às paraolimpíadas de Atlanta em 1996. Aliás, desde Seul 1988, as Paraolimpíadas acontecem no mesmo ano e local das Olimpíadas, geralmente um mês depois.

A estréia paraolímpica do Brasil foi em Heildelberg na Alemanha em 1972, com 20 atletas em quatro categorias masculinas. Nos jogos seguintes, em Toronto 1976, no Canadá, teríamos nossas duas primeiras representantes e a conquista da primeira medalha. Desde então, a exceção de Arnhen, na Holanda, em 1980, os brasileiros sobem ao pódio paraolímpico. Já são 187 medalhas, sendo que em Pequim 2008 foram 47, entre as quais 16 de ouro.

Os competidores do para-atletismo têm parcela significativa nessas conquistas brasileiras. Ádria Santos, com 13 medalhas e Luis Cláudio Pereira, com nove, estão entre os quatro maiores medalhistas paraolímpicos brasileiros.

Disputado desde a primeira edição das paraolimpíadas, o para-atletismo reúne deficientes físicos com diferentes limitações funcionais, ou seja, restrições para a realização de movimentos, potencialidade de músculos ou de visão.

Os atletas das categorias funcionais iniciadas por F competem em provas de campo, como arremessos, lançamentos e saltos e os das iniciadas com T, nas provas de pista como corridas Dentro de um mesmo grupo de classificação, quanto menor o número, maior é a limitação física do esportista.

Os deficientes visuais são agrupados em 11, 12, 13, sendo os F11 e T11, considerados completamente cegos.

Os esportistas T20 ou F20 possuem deficiências mentais; Os agrupados nos grupos de 31 a 38 têm paralisias cerebrais, sendo que os dos grupos 31 a 34 só se movimentam por cadeira de rodas.

As categorias F40 e T40 reúnem os atletas anões, enquanto que no grupo de 41 a 48 competem os esportistas amputados, mas que não precisam de cadeiras de rodas para se movimentar.

Por fim, nos grupos F51 a F58 encontram-se os cadeirantes sem paralisias cerebrais, como aqueles que sofreram poliomelite, lesões medulares e amputações. Essa mesma característica demarca os atletas das categorias de T51 a T54.

*foto: Comitê Paraolímpico Brasileiro